Los largos días de Primavera

Á chegada dos dias grandes

Da luva lentamente aliviada
a minha mão procura a primavera
Nas pétalas não poisa já geada
e o dia é já maior do que ontem era


Não temo mesmo aquilo que temera
se antes viesse: chuva ou trovoada
É este o deus que o meu peito venera
Sinto-me ser eu que não era nada

A primavera é o meu país
saio à rua sento-me no chão
e abro os braços e deito raiz

e dá flores até minha mão
Sei que foi isto que sem querer quis
e reconheço a minha condição

Ruy Belo - Homem de Palavra[s]

A la llegada de los días grandes

Del guante lentamente aliviada
mi mano busca la primavera
En los pétalos no se posa ya la helada
y el día es más grande de lo que ayer era

No temo incluso aquello que temiera
si antes lo viese: lluvia o tormenta
Es éste el dios que mi pecho venera
Me siento ser yo quien no era

La primavera es mi país
salgo para la calle me siento en el piso
y abro los brazos y echo raíz

y da flores hasta mi mano
Sé que fue esto lo que sin querer quise
y reconozco mi condición

Ruy Belo . Hombre de Palabra[s]