jueves, julio 07, 2011

Sobre el poema de abajo:

Para mí este poema es la más acertada de las oraciones. El reconocimiento de lo impermeable, lo que no se nos parece. Lo oí por primera vez en una noche de poesía en Portugal, traducido al portugués por mi amiga polaca Monika. Me recordo otro poema, de un poeta que me gusta mucho, Mário Cesariny. El nombre de ese otro poema es "Tantos pintores" y una y otra vez la naturaleza o, en palabras de Cesariny, "la realidad", queda inmutable. Parafraseando a Annabel, o como el chiste del tigre, la naturaleza siempre es más fuerte que el ego.

Tantos pintores

A realidade, comovida, agradece
mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem
Tantos escritores
A realidade, comovida, agradece
e continua a fazer o seu frio
sobre bairros inteiros na cidade
e algures
Tantos mortos no rio
A realidade, comovida, agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito
Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gostam da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito pode sufocar
Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem vontade
dá voltas à solidão da realidade.

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