viernes, junio 11, 2010

martina protectora


tenho agora vontade - tanta - de me encontrar com a linguagem animal. quando a Maria Gabriela fala do sentido que há nos discursos animais, no sentido, no discurso, no texto das árvores, eu ponho a minha orelha na folha do seu livro e peço para me sussurrar o que ela lhes escutou dizer.
na casa da torre, que já não é mais a minha casa, moram cinco gatos. dois deles estão domesticados, e esperam a J como o raposo do Principezinho.
J, desconhecida, ainda sem rosto (apenas mulher vestida com toalha, na janela, a chorar) dentro do seu quarto, ignorava a aproximação do seu gato-grande quando entrei a casa. sentei-me com eles - a gata cinzenta de manchas rosa aproximou-se também - e entregaram-me seu pelo e nariz sem pudor. eu tentava ler nos seus movimentos o seu discurso, não como palavras humanas mas como movimentos de gato. no entanto, quantas delas não foram ensinadas, em sueco, pela dona na janela? (eu ouvia as suas lágrimas e a sua história de abandono e dor)
os três pequeninos, saltavam longe de mim, aproximando-se apenas para me conhecer, e continuar saltando trás os bichos de tecido.
que narrativa nos integra? porque sei que há, mas, desta vez, não quero sobrescrevê-la. sei que me antecede, e que conjuga, teje, borda, minhas palavras e as suas.

imagem de Sandra Dieckmann

2 comentarios:

Mi cordel dijo...

Essere animali per la grazia
di essere animale nel tuo cuore.
Mi scorge amore, mi scorge quando dormo.
Per questo io dormo. Di solito io dormo.

Patrizia Cavalli

Ana Lucía dijo...

Gracias Salolinda <3 bello poema