tenho agora vontade - tanta - de me encontrar com a linguagem animal. quando a Maria Gabriela fala do sentido que há nos discursos animais, no sentido, no discurso, no texto das árvores, eu ponho a minha orelha na folha do seu livro e peço para me sussurrar o que ela lhes escutou dizer.
na casa da torre, que já não é mais a minha casa, moram cinco gatos. dois deles estão domesticados, e esperam a J como o raposo do Principezinho.
J, desconhecida, ainda sem rosto (apenas mulher vestida com toalha, na janela, a chorar) dentro do seu quarto, ignorava a aproximação do seu gato-grande quando entrei a casa. sentei-me com eles - a gata cinzenta de manchas rosa aproximou-se também - e entregaram-me seu pelo e nariz sem pudor. eu tentava ler nos seus movimentos o seu discurso, não como palavras humanas mas como movimentos de gato. no entanto, quantas delas não foram ensinadas, em sueco, pela dona na janela? (eu ouvia as suas lágrimas e a sua história de abandono e dor)
os três pequeninos, saltavam longe de mim, aproximando-se apenas para me conhecer, e continuar saltando trás os bichos de tecido.
que narrativa nos integra? porque sei que há, mas, desta vez, não quero sobrescrevê-la. sei que me antecede, e que conjuga, teje, borda, minhas palavras e as suas.
imagem de Sandra Dieckmann
2 comentarios:
Essere animali per la grazia
di essere animale nel tuo cuore.
Mi scorge amore, mi scorge quando dormo.
Per questo io dormo. Di solito io dormo.
Patrizia Cavalli
Gracias Salolinda <3 bello poema
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